Quando um empresário, seja de qual setor econômico for, faz aquisição de um produto ou serviço usando créditos de troca, ele sabe que o valor do seu próprio produto é uma forma eficaz para efetuar este pagamento. Este sistema, reconhecido como permuta multilateral, tem ganhado corpo entre o empresariado e foi tema de um artigo publicado pela International Reciprocal Trade Association (IRTA), organização norte-americana sem fins lucrativos especializada em promover padrões justos e equitativos de prática e operação.
Como objetivo, o estudo tenta entender a justificativa, os benefícios e as considerações de política pública das trocas de permuta comercial. Um dos pontos de destaque do texto são os benefícios lógicos para a contração da permuta multilateral. O estudo justifica ocasiões para que os possíveis contratantes entendam a dinâmica e o aproveitamento.
Em uma situação de caixa, por exemplo, o dinheiro gasto pelo comerciante para a mesma compra teria que vir de vendas existentes, não de novas vendas. Nesta situação, o comerciante não tem garantia, quando faz uma compra à vista, de que isso resultará em vendas adicionais de seu próprio produto. Suas perspectivas de fazer vendas adicionais aumentam quando ele participa do mercado de permuta, porque os permutadores farão de tudo para comprar de outros permutadores. Isso ocorre porque eles estão pagando com seu próprio estoque não utilizado ou capacidade sobressalente.
Nesta lógica, o negócio acontece. Para Randolpho Tostes, sócio e cofundador da Via Permuta, plataforma franqueadora de negócios inteligentes por permuta multilateral, a dinâmica deste esquema é fazer o empresário poupar o próprio dinheiro enquanto consegue realizar aquisições efetuando pagamentos com produto, bens e serviços
“As vantagens econômicas da permuta multilateral podem ser vistas comparando a posição de uma empresa antes e depois do escambo. Vemos que a troca resulta em receita adicional e, portanto, lucro adicional. Com isso, a troca permite que uma empresa economize dinheiro, resultando em melhor liquidez e uma economia igual ao custo atual do dinheiro. As empresas também ganham com uma rede intangível de referências, publicidade e aumento de networking empresarial nestas associações que geram tanto dinheiro adicional quanto negócios de troca”, explica o especialista.
Novamente, acompanhando o raciocínio, percebe-se a possibilidade de inserção da possibilidade de adesão ao mercado de permutas para qualquer corporação, de qualquer nível. A IRTA acredita que todas as empresas podem tirar proveito da troca para trazer novos negócios e que as empresas com capacidade ociosa ou excesso de estoque têm fortes incentivos para fazê-lo.
Do outro lado, com as mãos na massa, Michel Saliba, sócio e cofundador da Via Permuta, também acredita que essa pode ser uma estratégia para incentivar a queima de estoque. “Para a maioria das empresas, a capacidade ociosa e o estoque obsoleto ou não utilizado são uma ocorrência normal. Com uma poderosa vantagem econômica, a permuta permite vendas adicionais a um custo incremental relativamente baixo, fazendo com que o empresário consiga despachar aquele estoque obsoleto, obtendo uma compensação financeira por outro produto desejado”, explica.
Ainda de acordo com o estudo, financiar compras por meio de vendas adicionais de seu próprio produto ou serviço costuma ser o método mais barato de financiamento disponível para uma empresa. Isso ocorre porque ele está pagando suas compras com a margem de lucro sobre suas vendas extras ou capacidade não utilizada.
Por último, o estudo da IRTA considera as permutas multilateral uma importante medida de flexibilidade ao sistema de comércio e pagamentos e aos mecanismos de ajuste de mercado das economias doméstica e internacional em um período da história em que a organização econômica global está passando por uma reestruturação dramática. Classificam ainda a troca comercial como uma questão de política pública a ser incentivada.
“Uma economia moderna carece de uma moeda totalmente elástica, capaz de se expandir com o crescimento da produção e fornecer a liquidez necessária para desobstruir os mercados de produtos e serviços. Pensando nisto, a classificação para o mercado da permuta é muito otimista. Uma vez que não há flexibilidade maior para um fluxo monetário do que a própria ausência de moeda, sendo o produto final o equivalente para pagamento”, finaliza Luiz Gustavo Bechtlufft, sócio da Via Permuta.